Micoplasmas são bactérias gram-negativas e estão entre os menores organismos procarióticos. Esses agentes podem ser encontrados em uma extensa gama de hospedeiros aviários, mamíferos e répteis, e como um contaminante comum de culturas de células. Os gatos podem ser acometidos por várias espécies de micoplasmas, sendo divididos em tipos hemotrópicos (ou hemoplasma) e não hemotrópicos, com base na sua capacidade de infectar eritrócitos ou acometer a mucosa. Dentre os tipos hemotrópicos estão os que causam anemia infecciosa felina que são parasitas eritrocitários. Entre os principais micoplasmas hemotrópicos felinos encontramos o Mycoplasma haemofelis, Candidatus Mycoplasma haemominutum e o Candidatus Mycoplasma turicensis. Enquanto os micoplasmas não hemotrópico são responsáveis por causar doença no trato respiratório superior (URTD) e inferior, afecções oculares e poliartrites, os quais foram associados ao Mycoplasma felis, Mycoplasma gateae e Mycoplasma arginini. Além dessas espécies também foram identificados em gatos a presença de M. feliminutum, M. canadense, M. cynos, M. lipophilum, M. hyopharyngis, M. arthriditis, M. canis, M. pulmonis e M. spumans. Os micoplasmas não hemotrópicos se aderem e colonizam superfícies de mucosa em revestimentos epiteliais onde proliferam e causam infecções. Não se sabe se os micoplasmas são patógenos oportunistas ou se espécies patogênicas estão envolvidos, ou se podem atuar sinergicamente com outros organismos como vírus ou bactérias para causar doenças.
O papel dos micoplasmas em infecções respiratórias de cães não é bem compreendido, mas foram encontrados colonizando os pulmões durante a pneumonia, podendo persistir por até 3 semanas após a infecção. Em cães com doença respiratória foram isolados as espécies: M. bovigenitalium, M. canis, M. cynos, M. edwardii, M. feliminutum, M. gateae e M. spumans. Os sinais clínicos podem incluir tosse, acúmulo de muco e exsudato, evoluindo para uma pneumonia. Os micoplasmas podem escapar da resposta imune, resultando em infecção crônica e a introdução de outros agentes infecciosos. Além disso, em alguns casos de cães que manifestam CIRD, foi descrita a coinfecção de micoplasma com outros patógenos, dentre eles: vírus da parainflueza canina, Bordetella bronchiseptica, coronavírus respiratório canino (CRCoV), vírus da cinomose, vírus da influenza canina e adenovírus canino.
Em felinos, esses organismos podem estar presentes em gatos doentes e não saudáveis, tornando-os um patógeno potencialmente importante. A síndrome conhecida como Complexo respiratório felino ou Doença do trato respiratório superior (que incluem alterações oculares) pode envolver múltiplos patógenos, como Herpesvírus felino, Calicivírus felino, Chlamydophila felis, Bordetella bronchiseptica e o Mycoplasma spp. A infecção por micoplasma deve ser considerada em gatos com URTD que podem apresentar secreção nasal; espirros; ulcerações dos lábios, língua, gengivas ou plano nasal; salivação; tosse; febre; letargia e inapetência, ou com doença respiratória crônica, como asma e bronquite crônica. Além dos sinais clínicos de conjuntivite como blefarospasmo, hiperemia conjuntival, quemose, secreção ocular uni ou bilareral e até ceratite ulcerativa. O exame citológico usualmente não é específico. O isolamento em cultura microbiológica não é muito sensível, pois depende da viabilidade do agente e tende a ser fastidioso e demorado. Portanto, a detecção de DNA de micoplasma pela técnica de PCR, em amostras de secreção nasofaríngeo, lavados broncoalveolares ou células conjuntivais, pode ser um exame importante para identificar a presença do patógeno durante a infecção no animal. Dessa forma, é possível obter um diagnóstico rápido e seguro, favorecendo o prognóstico do paciente.
• ESPÉCIE: canina, felina e outras.
• TÉCNICA: detecção qualitativa dos ácidos nucleicos por PCR em tempo real.
• PREVISÃO: até 1 dia útil. Amostras recebidas até as 14h00 são processadas no mesmo dia e liberadas até as 20h00. Para as recebidas após esse horário o processamento se dá no próximo dia útil. Amostras de tecido possuem um prazo de 2 dias úteis para processamento.
• MATERIAL PARA ENVIO: swabs de cavidade nasal e/ou orofaringe, lavados ou aspirados respiratórios. Pode ser enviado uma ou duas amostras diferentes do mesmo animal para realização de pool de amostras, a fim de obter uma maior cobertura diagnóstica.
• ARMAZENAMENTO DE ENVIO: temperatura entre 2 e 8ºC até o envio da amostra